Que saudades... saudades daquelo nervoso miudinho.. da ânsia de chegar e entrar por aquele altar adentro.. de chegar até ti.. lembras??
Foi dos momentos mais bonitos por que passámos os dois... Ahhhhh!!que saudades! só de lembrar sinto o arrepio que me invade a alma....
E porquê aquela Igreja e não outra? Por mim não fazia sentido ser noutra Igreja , uma vez que já fazia parte da minha história e ..claro a nível sentimental teria que ser ali.. naquele espaço.. e claro por razões de Beleza estética...
e porque não um pouco de cultura?

A Igreja de Nª. Sra. do Rosário de Fátima foi construída de raiz entre a Avenida Marquês de Tomar, Av. De Berna e Rua Poeta Mistral nos anos de 1936 a 1938. Integra-se na urbanização popularmente chamada "das Avenidas Novas" planificada por Ressano Garcia nos finais do século XIX e construída durante a primeira metade do século XX. Insere-se no movimento modernista que se vivia intensamente aquando da sua inauguração a 13 de Outubro de 1938.
Igreja de Fátima, como é conhecida dos lisboetas, foi o primeiro templo católico a ser erguido em Lisboa após a instauração da República em Portugal (1910). O traço é do arquitecto Pardal Monteiro e tem a colaboração de um conjunto de arquitectos, engenheiros e artistas plásticos de grande nomeada.
Trata-se de um dos primeiros edifícios da Cidade onde o programa arquitectónico, apesar de alguns compromissos com tradicionalismo artísticos, é substancialmente moderno. Para além da modernidade das obras de arte plástica e dos materiais empregues intentou-se uma reinterpretação do programa construtivo do templo católico, nomeadamente no nartex e no baptistério, concebidos simbolicamente como locais iniciáticos da fé e porta de entrada na igreja.
Tem a forma exterior de paralelepípedo com cobertura plana e predomínio de linhas rectas. Utiliza materiais construtivos em que avultam o betão armado e a alvenaria. A sua feição exterior é claramente moderna.
A igreja esteve desde começo envolvida em várias polémicas de ordem social, artística e religiosa. No que se refere por exemplo à escolha do orago, a designação "Nª. Sra. do Rosário de Fátima" constituiu de algum modo a aceitação por parte da Hierarquia Católica do fenómeno das aparições da Virgem na Cova da Iria, facto ainda hoje controverso para alguns sectores eclesiásticos. Por outro lado, segundo algumas vozes críticas, deveria ter sido escolhido o título de S. Julião, já que se tratou da transferência para a zona das Avenidas Novas da velha igreja do santo existente na Baixa de Lisboa, o que estaria de acordo com a tradição seguida por ocasião de outras transferências (S. Jorge de Arroios, S. Mamede). A partir da construção da igreja de Fátima os padroeiros das igrejas implantadas nas zonas mais recentes da cidade foram quase todos escolhidos de entre um conjunto de santos gratos à memória nacional portuguesa do século XX.
Respondendo a críticas feitas por sectores conservadores à arquitectura da igreja que tinha encomendado dizia o Cardeal Gonçalves Cerejeira: "copiar cegamente formas artísticas de outras épocas será fazer obra de arqueologia artística, mas não seguramente obra viva de arte". Contudo, ainda em vida desse bispo de Lisboa foram construídas na Cidade, na década de 50, algumas igrejas de concepção estética marcadamente revivalista: S. Condestável (1951), S. João de Deus (1953), S. João de Brito (1955). A abertura construtiva e estética iniciada pela igreja de Fátima seria afinal continuada mais recentemente na construção de igrejas como as paroquiais do Sagrado Coração de Jesus (1968) e S. Jorge de Arroios (1973).
Quando da celebração do 50º aniversário da sua inauguração, o Cardeal D. António Ribeiro, Patriarca de Lisboa, disse na sua homília: "Depois desta, outras igrejas se edificaram no Patriarcado de Lisboa, algumas de inegável valor artístico. Mas nenhuma a iguala no conjunto de obras de arte, assinadas por mestres de indiscutível qualidade".
O Prof. Arquitecto Pardal Monteiro, fala de Almada Negreiros deste modo: «No vitral, no mosaico, na pintura mural e até no ferro, o seu talento produziu obras que o colocam definitivamente no primeiro plano dos renovadores e dos impulsionadores da arte nacional (...) Pela colaboração que me deu, pelo muito que enobreceu e valorizou a minha obra, eu testemunho mais uma vez a minha admiração e o meu reconhecimento àquele a quem o meu colega Cottinelli Telmo chamou o mais arquitecto dos pintores portugueses, o pintor Almada Negreiros».
As obras de Almada nesta igreja são o vitral da "Santíssima Trindade" no Coro; os vitrais, mosaicos e portas do Baptistério; os vitrais "Calvário" e "Nossa Senhora da Piedade" na Capela de Nossa Senhora da Piedade; os vitrais "Nossa Senhora do Carmo" e "Rainha dos Cristãos" na Capela de Nossa Senhora do Carmo; e os vitrais e símbolos eucarísticos do baldaquino da Abside.
Na abside da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, Almada vai representar os evangelistas S. Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João, em frescos. Curiosamente os três últimos são representados respectivamente por um leão, um touro e uma águia, e as iniciais LUC e MAT dos livros sagrados estão, por lapso, trocadas.

Vale a pena visitar..nem que seja só para deslumbrar com os vitrais.. nós tivemos a possibilidade de a ter no dia mais feliz, até agora, das nossas vidas!!
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